Com base na rica história desta festa centenária, onde o sagrado e o profano se cruzam e constituindo um marco cultural e religioso na região de Sintra, esta exposição documental procurará dar suporte a alguns vislumbres sobre a forma como a Feira das Mercês, celebrada em honra de Nossa Senhora das Mercês, se foi concretizando, numa viagem por tempos idos, que adquire especial significado.
Com o lugar das Mercês a ter passado por uma notável transformação, já que um local que antes era uma área predominantemente rural, tornou - se, gradualmente, uma região urbana em constante desenvolvimento, tal mudança refletiu-se também numa alteração profunda da própria Feira das Mercês.
Através da reprodução de imagens históricas, documentos antigos, quadras populares e obras de Leal da Câmara, este apontamento expositivo é uma homenagem à resiliência da tradição e à vitalidade cultural desta comunidade, que continua pulsante em 2023.
APONTAMENTO HISTÓRICO
Junto à capela fazia-se a tradiciona l procissão que continuou nesse loca l até 1771, quando o Marquês de Pombal a transfe re para Oeiras, levando (...) a que os povos dos Termos de Sintra e de Mafra reclamassem, junto do
Ouvidor do Rei (...), regressando assim , mais tarde, ao seu local de origem por ordem da Rainha D. Maria 1.
A feira voltou, desde então, a realizar -se neste mesmo lugar, se ndo continua mente resgatada como espaço de memórias e convivio sintrense.
Em 1765, o Marquês de Pombal mandou edificar no local a "Casa Pombal", que ofereceu ao seu filho mais velho, que nela passou a habitar, tendo sido erigida junto ao solar, uma capela em honra da Senhora das Mercês
O QUOTIDIANO DO MUNDO SALOIO
A sua realização marcava o ciclo outonal e o fim das colheitas, permitindo escoar os produtos da terra e ao mesmo tempo dava a conhecer a vivência dos saloios - designação por que eram conhec idos os camponeses desta região.
A Feira assumia-se como um ponto de encontro, demandada por pessoas oriundas das diferentes freguesias de Sintra e dos arredores, com o intuito de abastecer - se de diferentes bens, divertir-s e, namorar no Muro do Derrete e degustar as muitas iguarias lá comercializadas.
Ao longo dos tempos, a feira tornou-se uma das manifestações culturais e religiosas mais emblemáticas do concelho de Sintra.
A IMPORTÂNCIA RELIGIOSA
O culto a Nossa Senhora das Mercês tem profundas raízes na história e na cultura da população sintrense, com maior incidência nas freguesias de Algueirão-Mem Martins e de Rio de Mouro.
O orago da Nossa Senhora das Mercês em Sintra foi introduzido pelos Frades Mercedários, conhecidos pela sua devoção a Nossa Senhora das Mercês, a quem atribuíam a proteção e libertação de escravos .
As primeiras referências documentais à "feira e Romagem da Senhora das Mercês" reportam-se apenas à segunda metade do século XVIII.
É no reinado de D. José 1 que se dá a for te implantação deste orago, graças à grande devoção do Marquês de Pombal, D. Sebast ião José de Carvalho e Melo, pela Nossa Senhora das Mercês.
Com este culto a ter passado a estar integrado na Feira das Mercês, culminava a sua manifestação com a Procissão, um momento importante de reencontro dos devotos com a fé, pagando promessas e solicitando proteção para a vida diária e para a sua saúde e dos seus familiares.